A covid-19 assolou o mundo e nos levou a repensar a vida, as nossas escolhas, e como estávamos utilizando o nosso próprio tempo.
A parada forçada de toda uma sociedade habituada a viver num ritmo frenético, onde a produção não podia desacelerar e a economia não podia estagnar, nos fez compreender, mesmo que por apenas um de tempo, que existem outras formas de vida possíveis.
A doença nos fez perceber que vivemos numa sociedade cronicamente doente. Que fazemos parte de uma sociedade que nos anula e nos faz viver em função das regras sociais de consumo que não necessariamente nos fazem felizes.
Estávamos doentes emocionalmente, nossa mente estava nos levando a um cansaço crônico pela falta de tempo, pela falta de conexões verdadeiras, pela falta de atividades que nos fizessem sentir verdadeiramente felizes e realizados.
A covid-19 nos levou a fazer um balanço pessoal em todas as áreas de nossa vida, levou até os mais ignorantes a repensarem o que estavam fazendo com a própria vida. A palavra “propósito”, nunca foi tão discutida e pesquisada. Milhares de pessoas começaram a se perguntar: Qual é o meu propósito de vida?
Fomos forçados a desenvolver a criatividade na criação de novas metas e a nos moldar moderando as expectativas ao momento atual.
A busca pela felicidade se tornou frenética, e passamos a buscar funções sociais que se encaixassem na nossa personalidade, desejos e sonhos.
Percebemos que, nós humanos não podemos mais agir como se fossemos máquinas, embora muitos, tão acostumados a viverem no automático, desejaram com todas as suas forças que a vida voltasse ao normal, para que pudessem de novo viver como um robô, sem tempo para nada.
O que muitos não compreenderam é que este isolamento social foi necessário para que pudéssemos nos aproximar do nosso mais puro ser e aprender a lidar com o que estava a nos matar aos poucos.
Iniciamos um novo ciclo, e ele pede para que sejamos mais equilibrados, que aprendamos a controlar o nosso íntimo para que possamos seguir por caminhos melhores, que nos satisfaçam pessoalmente e nos realize emocionalmente.
Só a doença pode nos mostrar o caminho da cura.
Todos nos sentimos doentes, mesmo aqueles que não foram infectados pelo vírus, doentes pois conseguimos olhar para disfunções sociais causadas em grande parte pelo avanço tecnológico e pelo tanto de coisas que “precisamos” fazer em um único dia.
Nosso organismo tem um DNA programado, nosso código genético tem determinações e por dezenas de anos nós burlamos essas pausas necessárias que todos precisamos porque compreendíamos que deveríamos seguir crescendo freneticamente e pagamos o preço por isso.
A doença nos trouxe o lado instintivo de forma diferente para nos alertar do perigo. Não foi o suficiente para nos “consertar” mas mostrou o que há de melhor e pior em nós.
E esse escancarar das mazelas humanas se fez necessário para que pudéssemos, juntos, olhar para frente com uma nova consciência, para que nos movêssemos em busca da inteligência emocional, e para que buscássemos novas formas de lidar com os desafios que a vida nos traz.
Só quando conscientemente o individuo entende que está doente, não só fisicamente, mas emocionalmente, é possível buscar a cura. Enquanto não se percebe que está doente, não há como se sentir feliz, pois a cura só chega a quem se dedica em buscar meios de se curar.
Quem entendeu o recado se moveu em direção do novo com entusiasmo, mesmo com medo, e conquistou grandes vitórias em 2020, mas quem paralizou e deixou o medo tomar conta, quem reclamou de tudo, quem se lamentou e se entregou ao desânimo, perdeu 365 dias e adoeceu ainda mais.
É uma escolha adoecer ou se curar. Mesmo que muitos pensem que isso não é verdade.
Quando escolhemos brigar com a realidade espalhamos dor e sofrimento por onde passamos, mas quando escolhemos aceitar e agir com o que temos, nós encontramos a cura para diversos males existentes em nossa sociedade, família, e em nós mesmos.
Que possamos escolher agir positivamente nesse novo ciclo! Essa escolha beneficiará a todos nós!