A Comissão de Proteção à Criança e Política Sobre Drogas da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Delegado Danilo Bahiense, realizou uma reunião para debater a escalada violenta dos traficantes em Vitória. O debate apontou para um novo tipo de lança-perfume que vem bancando as ações criminosas, além do aumento do confronto entre facções e a Polícia Militar.
Realizado nesta quarta-feira (5), Bahiense ponderou a necessidade de que haja políticas sociais e ambientes organizados para que os moradores não sejam prejudicados e para que crianças e adolescentes não sejam cooptados pelo crime. “A prevenção se dá na base”, disse o parlamentar, após ouvir reclamações de moradores da região de Andorinhas.
O comandante do 1º Batalhão da PM (Vitória), tenente-coronel Marcelo Tavares, disse que o “black lança” se transformou na vedete de consumo e de vendas dos traficantes, especialmente nos bailes do Mandela, festas clandestinas “Não é a maconha que se destaca, é o black lança”.
Ao longo de todo 2020, foram apreendidas, na área do 1º Batalhão, 1.202 unidades de lança-perfumes/loló, enquanto, no momento presente deste ano, já foram confiscadas 634. O coronel e o deputado ainda detalharam que mesmo durante a pandemia houve festas clandestinas e com consumo elevado dos entorpecentes.
Outro ponto explicado na reunião abordou o poder de fogo dos traficantes. No Bairro da Penha, por exemplo, foi identificada a chegada de pelo menos 20 fuzis, sendo que um deles já foi apreendido pelas forças de segurança.
Bahiense frisou que criminosos ainda se utilizam de armamento feito de modo caseiro. “Submetralhadoras, que acabam tendo um poder de fogo maior do que pistolas, são muito desejadas”.
Além disso, confrontos na área do 1º Batalhão, que pega a parte insular, ou seja, da ilha de Vitória tem registrado aumentos nos conflitos armados de criminosos contra militares. Segundo a Polícia Militar, em 2018, foram 33 tentativas de homicídio por resistência à ação da polícia. Já em 2019, 53. No ano seguinte, 104. E, até o presente momento, 50.
Para Bahiense, isso mostra que os criminosos estão mais ousados e querendo, a qualquer custo, expandir seus domínios. “Traficantes fazem guerra entre si e se aproveitam de problemas como falta de políticas públicas. Isso se reflete na insegurança e, também, na questão social e econômica, já que moradores não têm espaço para lazer e, em alguns casos, não conseguem nem sair para trabalhar por causa dos confrontos”.