Mesmo com avanço positivo no comparativo anual, a produção industrial brasileira voltou a cair na passagem de abril para maio, com retração de 0,5%, segundo o IBGE. O resultado indica que o setor ainda opera com instabilidade, refletindo o impacto de juros elevados, consumo desaquecido e entraves estruturais. Das quatro grandes categorias econômicas, três registraram desempenho negativo, assim como mais da metade dos ramos industriais analisados.
Entre os principais destaques de queda estão os veículos automotores (-3,9%), produtos derivados de petróleo (-1,8%), bebidas (-1,8%) e alimentos (-0,8%). A performance fraca de setores estratégicos da economia mostra que a recuperação não está consolidada e que a indústria ainda enfrenta obstáculos importantes para retomar um crescimento sustentável.
A combinação entre estoques elevados, pressão nos custos e ausência de investimentos em modernização segue limitando a capacidade de resposta do setor diante da melhora pontual nos indicadores de inflação. Sem um impulso mais vigoroso no consumo e no crédito, a tendência é de cautela nas decisões de produção e investimento.
“A queda de 0,5% na produção industrial de maio mostra uma desaceleração importante da atividade econômica. O setor automotivo puxou a retração, mas outros segmentos também recuaram, o que indica um movimento mais espalhado. Apesar de o dado anual ainda ser positivo, o resultado mensal sinaliza perda de ritmo na indústria. E isso pode se refletir em menos investimentos, consumo mais fraco e, principalmente, mais cautela por parte das empresas. Para os próximos meses, o cenário ainda é de instabilidade. A indústria deve continuar oscilando, com decisões mais conservadoras e foco em preservar caixa. Do ponto de vista do crédito, esse ambiente reforça a demanda por soluções mais flexíveis e estruturadas. Empresas que atuam na indústria devem buscar alternativas fora do sistema bancário tradicional para alongar prazos, equilibrar passivos e manter capital de giro saudável. Ou seja, crédito com inteligência, adaptado à realidade de cada negócio”, Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike.