Ibatiba (ES) – Vamos combinar uma coisa: a gente vive num mundo onde tem informação pra todo lado. É notícia no celular, gente opinando na internet, manchete bombástica na TV… e, no meio disso tudo, nem sempre é fácil separar o que é verdade do que é só papo furado. Aí entra a literatura, essa velha conhecida que, além de entreter, também dá aquele empurrãozinho na nossa capacidade de pensar por conta própria. Sim, meu amigo, minha amiga, ler não é só passar os olhos por palavras bonitinhas – é um treino diário pra enxergar além do óbvio.
Agora, para e pensa: quantas vezes você já mudou de opinião depois de ler algo? Pode ser um livro, um artigo ou até uma legenda bem escrita. A literatura tem esse poder transformador, porque nos coloca diante de realidades diferentes, nos obriga a ver as coisas por outros ângulos e, principalmente, nos ensina a questionar. E, convenhamos, questionar é essencial num mundo onde muita gente prefere repetir o que ouve sem nem pensar duas vezes.
Ler é abrir os olhos (e a mente)
Sabe aquele ditado “quem lê, viaja”? Pois é, mas não é só pra outros lugares, é pra dentro da própria cabeça também. A literatura faz a gente enxergar o mundo de um jeito diferente. Quando você lê um romance, um conto ou até uma crônica bem escrita, você se coloca no lugar dos personagens, começa a entender pontos de vista que talvez nunca tivesse parado pra pensar. Isso expande a mente, ensina empatia e – olha só que interessante – fortalece o senso crítico.
Por exemplo, quando você lê O Alienista, de Machado de Assis, percebe como as fronteiras entre sanidade e loucura podem ser manipuladas por quem tem poder. Já em Ensaio Sobre a Cegueira, de Saramago, somos levados a refletir sobre como a sociedade se comporta diante do caos e como somos facilmente moldados pelo medo e pela ignorância. E isso sem falar nos romances distópicos, tipo 1984, que mostram um mundo onde a verdade pode ser completamente controlada pelo Estado – algo que, convenhamos, não está tão distante da nossa realidade.
E não importa se é um clássico da literatura ou um best-seller contemporâneo, toda leitura te dá alguma coisa. Às vezes, uma reflexão profunda sobre a vida; outras vezes, só uma pulga atrás da orelha. Mas pode ter certeza de uma coisa: quem lê nunca sai do mesmo jeito que entrou na história.
A literatura ensina a questionar
A gente cresce ouvindo um monte de regras: “isso pode”, “aquilo não pode”, “é assim porque sempre foi assim”. Mas e se não for? A literatura é mestre em cutucar essa zona de conforto. Grandes escritores sempre usaram seus livros pra questionar o mundo à sua volta. Orwell escreveu 1984 pra mostrar os perigos do autoritarismo. Clarice Lispector fazia a gente mergulhar em nossas próprias incertezas. Lima Barreto denunciava o racismo e a desigualdade com sua escrita afiada.
E quando a gente se acostuma a questionar os personagens e suas histórias, automaticamente começa a fazer isso na vida real. Lê um jornal e já se pergunta: “Será que isso é verdade mesmo?”. Ouve um discurso político e pensa: “Tá, mas e a outra versão da história?”. Esse é o verdadeiro poder da literatura: ela dá ferramentas pra gente não engolir qualquer coisa sem mastigar antes.
A literatura não te dá respostas, mas ensina a procurar
Sabe o que é mais legal? Diferente de um livro de autoajuda que promete “as 10 regras pra ser feliz”, a literatura não vem com manual pronto. Ela te joga perguntas no colo e deixa você se virar com elas. E isso é ótimo! Porque a vida real também é assim – cheia de questões sem respostas fáceis.
Se liga: quando você lê Dom Casmurro, até hoje ninguém tem certeza absoluta se a Capitu traiu ou não o Bentinho. Mas essa dúvida faz parte do jogo! A história nos ensina que nem tudo é preto no branco, e que a nossa interpretação depende muito do que a gente já viveu, das nossas crenças e da forma como enxergamos o mundo.
Isso se reflete na vida real: quando alguém te conta uma história, você confia 100% ou pensa nos diferentes lados da questão? Pois é. A literatura nos ensina a lidar com incertezas, a refletir antes de tirar conclusões precipitadas e, principalmente, a perceber que nem sempre há uma única verdade.
Literatura e fake news: um escudo contra a desinformação
Vamos falar de um assunto bem atual: fake news. A quantidade de informação falsa que circula por aí é assustadora. Mas, adivinha só? Quem lê bastante tem muito mais chance de perceber quando algo não faz sentido. Isso porque a leitura fortalece o pensamento analítico e a capacidade de interpretar textos.
Já percebeu que tem gente que compartilha qualquer coisa sem nem ler direito? Pois é, falta de hábito de leitura faz isso. Quem lê muito já tem aquele radar ligado: “opa, essa frase aqui tá meio esquisita”, “hmm, essa fonte não parece confiável”. Isso porque a literatura treina nosso cérebro a processar melhor as informações e a identificar incoerências.
Ou seja, ler não é só um passatempo – é um ato de resistência contra a ignorância.
Mas então, o que ler?
A verdade é que não existe resposta certa. O importante é começar de algum lugar. Se você gosta de ação, tem literatura policial cheia de mistério e reviravoltas. Se curte reflexões sobre a vida, pode ir de filosofia, crônicas ou até poesia. O importante é alimentar a mente.
E olha, não precisa ser um livro de 500 páginas pra contar como leitura, viu? Contos, quadrinhos, crônicas, tudo isso vale! O importante é se jogar nesse universo e deixar a mente trabalhar.
Ah, e se você tem preguiça de começar um livro grande, começa com textos curtos. Vai de Machado, Rubem Braga, Drummond. Vai descobrindo o que te prende, o que te faz pensar. O importante é criar o hábito e perceber que, quanto mais você lê, mais você aprende a ver o mundo com outros olhos.
Então, da próxima vez que alguém disser que ler é perda de tempo, você já sabe a resposta: perda de tempo é passar a vida sem aprender a pensar por conta própria. Entendeu?
(O objetivo desta coluna é abordar os temas de forma leve e descontraída, buscando sempre tornar o conteúdo acessível e agradável. Por isso, a escrita é feita de um jeito popular e direto, com a intenção de facilitar o entendimento e criar uma conexão mais próxima com o leitor. Queremos que você se sinta à vontade enquanto explora os temas que trazemos, como se estivesse em uma conversa entre amigos.)