Brasília (DF) – A defesa do multilateralismo e a preocupação com o avanço de medidas protecionistas marcaram a primeira sessão da Reunião de Presidentes das Comissões de Relações Exteriores (CREs) dos Parlamentos do Brics, realizada na manhã desta terça-feira (3), no Congresso Nacional. O encontro faz parte da 11ª edição do Fórum Parlamentar do Brics, que segue até quinta-feira (5).
Participaram parlamentares do Brasil, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Irã, Egito, Belarus, Indonésia, Bolívia, Cuba e Nigéria. O tema da sessão foi: “Fortalecendo o comércio do Brics no atual cenário internacional”.
A reunião foi conduzida pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da CRE no Senado, e pelo deputado Felipe Barros (PL-PR), presidente da CRE na Câmara.
Nelsinho Trad destacou que o cenário global atual — com tensões geopolíticas, desaceleração econômica e crises migratórias — exige diálogo e cooperação entre os países. “O agravamento dos antagonismos não nos levará à paz e à prosperidade que aspiramos. O Brics é uma plataforma estratégica para que os países em desenvolvimento façam ouvir suas vozes”, afirmou.
O senador defendeu um sistema multilateral de comércio aberto, transparente e baseado em regras comuns, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) no centro. Ele alertou sobre o crescimento de barreiras tarifárias e do uso político de políticas ambientais como forma de protecionismo disfarçado.
A senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice-presidente da CRE, ressaltou que o Brics, inicialmente formado por grandes economias emergentes, hoje representa uma força política legítima na arena global. “Temos uma oportunidade histórica de responder ao protecionismo e à perda de canais de diálogo. É hora de agir”, afirmou.
O deputado Felipe Barros ressaltou que a integração comercial dentro do bloco é essencial para o fortalecimento da democracia e do desenvolvimento regional. “Por meio da cooperação, podemos construir um Brics mais integrado”, disse.
Em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), deu as boas-vindas aos participantes e reforçou a importância da união dos países para promover o crescimento de suas populações.
Cooperação como prioridade
Representantes internacionais também reforçaram o compromisso com o multilateralismo. O deputado Wang Ke, vice-presidente da CRE do Congresso Nacional do Povo da China, afirmou que o Brics se tornou a “espinha dorsal do Sul Global” e defendeu a ampliação da cooperação comercial e tecnológica entre os países.
Vijay Baghel, parlamentar da Índia, destacou o crescimento das trocas comerciais entre os membros do bloco e defendeu uma ordem global mais justa diante das atuais tensões econômicas.
Ali AlNuaimi, representante dos Emirados Árabes Unidos, observou que a antiga ordem mundial está superada e que o Brics pode ser o novo elo de cooperação entre os países. “Precisamos de parcerias que valorizem os povos e seus interesses.”
Já Mardani Ali Sera, da Indonésia, propôs a ampliação de investimentos em infraestrutura e a criação de alternativas de pagamento entre os membros do bloco para aumentar a resiliência econômica.
O deputado Sergei Rachkov, de Belarus, destacou a abertura comercial de seu país e o desejo de estreitar laços com os países do Brics. Supra Mahumapelo, da África do Sul, lembrou que o Novo Banco de Desenvolvimento tem financiado importantes projetos em sua nação.
Ahmad Naderi, do Irã, defendeu uma cooperação baseada em respeito mútuo e justiça econômica, destacando o papel do Brics na inovação digital e no fortalecimento do comércio eletrônico.
Felix Ajpi Ajpi, da Bolívia, reforçou a importância da solidariedade e complementaridade entre os membros e parceiros do grupo, criticando práticas unilaterais que afetam o desenvolvimento.
Também participaram do encontro parlamentares do Egito, Cuba e Nigéria.
À tarde, o Fórum Parlamentar do Brics dará continuidade às discussões com temas voltados à promoção de investimentos e transferência de tecnologia, além de instrumentos financeiros para tornar o Brics mais resiliente e sustentável.
© Agência Senado