Vitória (ES) – Com a chegada do inverno, as doenças respiratórias tendem a aumentar — e os dados de 2025 no Espírito Santo acendem um alerta: a letalidade da gripe causada pelo vírus Influenza dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, e a maioria das vítimas não havia sido vacinada.
Segundo dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) e do Sistema Vacina e Confia, dos 58 óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Influenza até o dia 17 de junho, 49 (84,48%) foram de pessoas não vacinadas. Além disso, dos 249 casos registrados da doença, 213 também não tinham recebido a vacina.
A SRAG é uma complicação grave de doenças respiratórias, como a gripe, caracterizada pelo agravamento da função pulmonar. Os dados revelam que, apesar da vacina estar disponível para toda a população com mais de seis meses de idade, a adesão segue baixa entre os grupos prioritários.
De acordo com a referência técnica do Programa Estadual de Imunizações da Sesa, Danielle Grillo, os idosos lideram os registros de óbitos. Dos 49 não vacinados que morreram, 30 (61,2%) tinham 60 anos ou mais — justamente o grupo que tem prioridade na vacinação desde o início da campanha.
“Os idosos, crianças de 6 meses a menores de seis anos e gestantes são mais vulneráveis às complicações da Influenza e precisam alcançar uma cobertura vacinal de excelência”, afirmou Danielle.
Até o dia 24 de junho, a cobertura vacinal dos grupos prioritários estava em apenas 47,80%, longe da meta de 90% estipulada pelo Ministério da Saúde.
Outro dado preocupante envolve os adultos entre 18 e 59 anos: dos 19 óbitos não vacinados nessa faixa etária, 14 (73,68%) tinham comorbidades, como cardiopatias (47,37%), diabetes, tabagismo, além de doenças hepáticas, neurológicas, pulmonares, imunossupressão e obesidade.
“Mesmo com a vacina disponível desde abril, vemos baixa adesão, principalmente entre os grupos de risco. Isso compromete a saúde individual e coletiva”, alertou Danielle Grillo.
A médica Mariana Ribeiro Macedo, da Vigilância da Influenza e Meningites, também destacou o aumento da letalidade em 2025: 23,29%, mais que o dobro dos 10,07% registrados no mesmo período de 2024.
Além da vacinação, Mariana reforça a importância de cuidados simples, como:
- Lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel;
- Usar máscaras ao apresentar sintomas ou fazer parte dos grupos prioritários;
- Manter ambientes ventilados;
- Evitar aglomerações e contato com pessoas gripadas;
- Cobrir o nariz e a boca ao espirrar ou tossir;
- Não compartilhar objetos pessoais;
- Adotar alimentação saudável e manter hidratação adequada.
“A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir complicações e mortes pela gripe. O vírus muda constantemente, e a imunização anual é fundamental”, finalizou Mariana.