Genebra (Suíça) – A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta segunda-feira (15), durante a 13ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS sobre Ciência do HIV, em Kigali, Ruanda, novas diretrizes que destacam o uso do lenacapavir (LEN), um medicamento injetável aplicado duas vezes ao ano, como uma opção promissora na prevenção do HIV.
Segundo a OMS, o LEN representa um avanço transformador no combate à epidemia, oferecendo uma alternativa de ação prolongada à profilaxia pré-exposição (PrEP), que tradicionalmente exige comprimidos orais diários. A nova forma de prevenção pode beneficiar especialmente grupos vulneráveis que enfrentam barreiras como estigma, dificuldades de acesso aos serviços de saúde ou baixa adesão ao tratamento diário.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, destacou a eficácia do lenacapavir como um antirretroviral de longa duração que demonstrou alto desempenho em ensaios clínicos, prevenindo quase todas as infecções por HIV em pessoas com risco aumentado. Ele reforçou o compromisso da organização em trabalhar com governos e parceiros para acelerar o acesso ao medicamento.
As diretrizes também incentivam a simplificação dos testes para HIV, facilitando o início da PrEP de ação prolongada por meio de farmácias, clínicas comunitárias e telemedicina. Isso inclui o uso de testes rápidos e a recomendação de remover barreiras logísticas e financeiras ao acesso.
Além do LEN, a OMS recomendou o uso combinado de cabotegravir e rilpivirina injetáveis (CAB/RPV) como alternativa para pessoas que vivem com HIV e que já atingiram supressão viral com a terapia oral, mas que enfrentam desafios com a adesão contínua.
A agência também atualizou diretrizes integrando cuidados com doenças crônicas como hipertensão, diabetes, saúde mental e ISTs aos serviços de HIV. Pessoas com HIV diagnosticadas com mpox (varíola dos macacos), por exemplo, devem iniciar rapidamente a terapia antirretroviral.
Apesar de o acesso ao lenacapavir ainda ser limitado fora de ensaios clínicos, a OMS convoca governos, doadores e instituições de saúde a implementarem o medicamento com urgência, coletando dados sobre seu impacto em situações reais.
Ao final de 2024, mais de 40 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo, sendo 65% na África. Diante da redução no financiamento global para saúde, a OMS reforça a importância de uma resposta ousada e integrada para erradicar a Aids como problema de saúde pública.