Com o crescimento do acesso à informação científica, também cresceu a circulação de estudos de diferentes níveis de qualidade, mas afinal, como saber se um estudo é confiável?
A resposta não está apenas no tema ou na instituição por trás da publicação, mas na estrutura, metodologia e critérios técnicos adotados ao longo da pesquisa.
De acordo com a editora-chefe da Atena Editora, Antonella Carvalho de Oliveira, entender o que torna um estudo mais robusto e confiável é essencial tanto para pesquisadores quanto para leitores que desejam consumir ciência de forma responsável.
“Nem todo artigo científico possui o mesmo nível de evidência e credibilidade. Alguns estudos são apenas descritivos ou iniciais, enquanto outros são fruto de análises profundas, com rigor metodológico e revisão por pares. Saber diferenciar é essencial para não tirar conclusões precipitadas”, afirma Antonella.
1. Qual o tipo de estudo?
Estudos científicos podem ser experimentais, observacionais, qualitativos ou quantitativos, e cada tipo tem seu propósito. Porém, quando falamos em confiabilidade, os estudos que apresentam ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e metanálises estão entre os mais sólidos, por reunirem dados de forma comparativa e padronizada.
“Uma revisão sistemática, por exemplo, é construída com base em dezenas ou centenas de estudos prévios. É como se fosse um raio-X da ciência atual sobre aquele tema”, explica Antonella.
2. O estudo foi publicado em uma revista científica reconhecida?
A credibilidade de um artigo também está relacionada ao veículo onde ele é publicado. Revistas com fator de impacto elevado e que utilizam revisão por pares (peer review), oferecem um filtro importante de qualidade.
3. A metodologia está clara?
Estudos bem estruturados apresentam uma metodologia detalhada e replicável: Qual foi o público-alvo? Quantas pessoas participaram? Qual o tempo de acompanhamento? Houve grupo de controle? Houve randomização? Quanto mais claros forem esses pontos, mais chances o estudo tem de gerar confiança.
“Quando um artigo apresenta poucos dados metodológicos ou usa termos vagos demais, o leitor deve acender um sinal de alerta”, reforça Antonella Carvalho de Oliveira.
4. Há conflitos de interesse?
Estudos financiados por empresas ou instituições com interesse direto nos resultados precisam deixar claro esse vínculo. Isso não invalida o estudo, mas exige um olhar mais crítico sobre os métodos, critérios e interpretações.
5. Conclusões compatíveis com os dados
É comum encontrar estudos com dados preliminares que são supervalorizados nas conclusões. Bons estudos apresentam os resultados com cautela, destacando limitações e possibilidades de erro. Afirmações muito abrangentes com base em poucos dados devem ser vistas com desconfiança.
“Educar o olhar para avaliar o que é um bom estudo é uma tarefa cada vez mais urgente. A ciência é uma construção coletiva, e isso inclui saber interpretá-la com responsabilidade”, conclui Antonella Carvalho de Oliveira.