Durante a sessão ordinária desta segunda-feira (24), a Assembleia Legislativa do Espírito Santo discutiu dois tipos de violência de gênero que afetam as mulheres: o feminicídio e a violência política. O tema foi abordado pelas deputadas Janete de Sá (PSB) e Camila Valadão (Psol), que destacaram a necessidade de ações mais efetivas para combater esses crimes e garantir maior representatividade feminina na política.
Janete de Sá chamou atenção para dois feminicídios ocorridos no estado no último final de semana. Em Cariacica, uma jovem de 20 anos foi brutalmente assassinada a facadas pelo ex-companheiro. Já em Guarapari, uma mulher de 25 anos foi encurralada e morta a tiros pelo ex-marido, que, em seguida, cometeu suicídio. A deputada enfatizou a crueldade dos crimes motivados pelo inconformismo dos agressores com o fim do relacionamento e cobrou mais indignação e mobilização da sociedade civil para mudar essa realidade.
“Estamos em pleno século 21 e ainda enfrentamos esse machismo enraizado que ceifa vidas femininas. Não podemos aceitar essa brutalidade como algo normal. Precisamos de uma ação conjunta da sociedade, das igrejas, dos Poderes constituídos para reverter esse cenário. Com tantas leis rigorosas e investimentos, não podemos permitir que este seja o janeiro mais violento da história do estado para as mulheres”, destacou Janete.
Violência política e baixa representatividade feminina
No dia em que o Brasil celebrou os 93 anos do voto feminino, a deputada Camila Valadão alertou para a baixa representatividade das mulheres nos espaços de poder e para a violência política de gênero. Segundo ela, garantir que as mulheres eleitas possam exercer seus mandatos com liberdade é essencial para ampliar a participação feminina na política.
Camila destacou que, apesar das mulheres representarem mais de 52% do eleitorado, elas ainda são minoria nos cargos públicos. Na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, por exemplo, apenas quatro deputadas compõem o Plenário. No âmbito nacional, apenas 15% dos cargos eletivos são ocupados por mulheres. Além disso, na última eleição municipal, apenas duas mulheres foram eleitas prefeitas entre os 78 municípios capixabas.
“É inadmissível que ainda existam câmaras municipais sem nenhuma vereadora. Mesmo com a política de cotas, a participação feminina continua baixa. Quando conseguimos ocupar esses espaços, somos vítimas de violência política, que busca nos silenciar e nos afastar das decisões. Já passei por isso enquanto vereadora em Vitória e sei como essas estratégias funcionam”, denunciou Camila.
A parlamentar defendeu que a luta por mais mulheres na política deve ser coletiva e contínua. “Não queremos ser únicas, não queremos ser raras. Queremos mais mulheres aqui para que possamos disputar em condições de igualdade políticas públicas e investimentos que realmente impactem a vida das mulheres brasileiras. Uma sociedade melhor para as mulheres é uma sociedade melhor para todos”, concluiu.