O câncer colorretal, responsável pela morte da cantora Preta Gil, aos 50 anos, neste domingo (20), é o terceiro tipo de tumor que mais mata no Brasil. Esse tipo de câncer está entre os mais impactantes na qualidade de vida e, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), tem crescido no país. Mas por que o câncer colorretal, que afeta o intestino grosso (o cólon) e o reto é tão perigoso?
A oncologista Juliana Alvarenga, da São Bernardo Samp, explica que esse tipo de tumor apresenta sintomas muito discretos, o que dificulta o diagnóstico precoce. “Incialmente a doença não possui sintomas. Com o crescimento da lesão podemos ter sintomas que muitas vezes são inespecíficos, como desconforto abdominal, inchaço abdominal e alteração no padrão de evacuações. O sintoma que as pessoas mais valorizam é o sangramento nas fezes, e nessa fase a doença, na maioria das vezes, costuma estar mais avançada”, esclarece.
O principal exame para detectar a doença é a colonoscopia, que deve ser solicitada para todas as pessoas a partir dos 45 anos. Se tudo estiver normal no primeiro exame, só será necessário repeti-lo a cada cinco anos. Se houver alguma lesão que pode ser maligna posteriormente, ela pode ser acompanhada com mais frequência e possibilitar o diagnóstico precoce, como explica o oncologista Roberto Lima, do Vitória Apart Hospital:
“O câncer colorretal é grave quando diagnosticado na fase mais tardia. O tratamento é basicamente cirurgia e quimioterapia, com alta chance de cura quando se tem o diagnóstico precoce. Se diagnosticado logo, o procedimento cirúrgico geralmente é menor, muito mais fácil a recuperação e a possibilidade de cura maior. E se faz geralmente o tratamento quimioterápico adjuvante, que a gente chama, que é complementar ao tratamento cirúrgico e que melhora o prognóstico sensivelmente.”

Recidiva e metástase
Assim como aconteceu com Petra Gil, é comum que a doença retorne e se espalhe por outras partes do corpo. “As metástases são muito comuns, especialmente para fígado, pulmão, osso e peritônio – que é uma membrana que reveste o abdômen. Quando essas metástases estão em órgãos importantes e se tem pouca resposta à quimioterapia, é o momento em que ocorre a perda de função desses órgãos e se esgotam os tratamentos. A perda de função desses órgãos pode levar a uma falência de múltiplos órgãos e, consequentemente, a morte”, afirma Roberto Lima.
“A chance de metástase vai se dar dependendo do quão avançada a doença foi diagnosticada. Porque quanto mais avançada, maior é o risco de recidiva. Às vezes, a doença encontra mecanismos de resistência aos tratamentos que a gente tem para oferecer. Quando se esgotam as opções de tratamento que comprovadamente têm benefício, a gente pode colocar o paciente em cuidados paliativos exclusivos ou tentar incluir esse paciente em algum protocolo de pesquisa clínica, que foi o que a Preta Gil tentou fazer”, completa Juliana.
Hábitos de vida
O câncer colorretal é o que mais está associado a hábitos de vida. Manter um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada, evitando ultraprocessados, manufaturados, cigarro e álcool, além de fazer exercícios regularmente, é primordial para reduzir as chances da doença.
“A taxa de mortalidade de um câncer como esse, no Brasil, é grande. Mas é possível evitar, sim. A melhor forma de reduzir as chances dessa doença é ter uma qualidade de vida boa: alimentação saudável e exercícios físicos. Já tem estudos especificamente em câncer colorretal que mostram que fazer atividade física, reduz a probabilidade da e melhora sensivelmente o prognóstico da doença depois de diagnosticado”, conclui o oncologista do Vitória Apart Hospital.