Vitória (ES) – O mês de agosto marca o Agosto Lilás, campanha nacional de enfrentamento à violência contra a mulher. No Espírito Santo, a Secretaria da Saúde (Sesa) intensifica, ao longo de todo o ano, a capacitação de profissionais da saúde para identificar precocemente sinais de violência e garantir resposta imediata dentro da rede pública de atendimento.
De acordo com Edleusa Cupertino, referência técnica da Vigilância Epidemiológica Estadual de Violência (VIVA/Sesa), os treinamentos ajudam os profissionais a perceber sinais de agressões e a acionar rapidamente a rede de proteção. A ação busca garantir o acolhimento, o cuidado e o encaminhamento adequado das vítimas ao longo da linha de cuidado do SUS.
“Os profissionais de saúde, ao reconhecerem um caso de violência, ajudam não apenas no atendimento da vítima, mas também no fortalecimento de toda a estrutura de atenção integral às mulheres”, destacou Edleusa.
A atuação ocorre em quatro etapas: acolhimento, atendimento, notificação e monitoramento da vítima no território. Para facilitar esse processo, a Sesa disponibiliza o sistema e-SUS Vigilância em Saúde (e-SUS VS), que permite a notificação em tempo real de casos suspeitos ou confirmados de violência.
O sistema possui campos de preenchimento automático, o que otimiza o trabalho dos profissionais, qualifica o banco de dados e identifica os municípios com maior dificuldade de notificação.
Dados alarmantes
De acordo com o e-SUS VS, foram notificados:
11.758 casos de violência contra a mulher em 2023
14.482 casos em 2024
9.158 casos apenas até 25 de julho de 2025
Os tipos mais frequentes registrados este ano são:
Violência física: 3.038 casos
Violência psicológica: 1.667 casos
Violência sexual: 1.111 casos
A Sesa lembra que a notificação de casos é obrigatória, conforme a Lei Estadual nº 11.147/2020, e deve ser feita em até 7 dias. Casos de violência sexual, lesão autoprovocada ou violência física contra crianças e adolescentes exigem notificação em até 24 horas.
Núcleos de prevenção e cultura da paz
Para fortalecer ainda mais o atendimento às vítimas, a Sesa vem implantando os Núcleos Municipais de Prevenção à Violência, Promoção da Saúde e Cultura da Paz (NUPREVIs). A proposta é organizar a rede local de atenção, integrando áreas como saúde, assistência social, educação, segurança pública e Conselho Tutelar.
Nos últimos três anos, Marataízes e Presidente Kennedy já implantaram seus núcleos. Segundo Edleusa, isso contribuiu para o aumento das notificações e a melhora da resolutividade no atendimento, minimizando a revitimização.
A formação contínua dos profissionais e a atuação dos municípios seguem os princípios estabelecidos pela Lei 13.427/2017, que reforça a organização da atenção às mulheres vítimas de violência no âmbito do SUS.