Ibatiba (ES) – A perda da visão ainda atinge bilhões de pessoas em todo o mundo, e grande parte dessas ocorrências poderia ter sido evitada. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 2,2 bilhões de pessoas vivem com algum grau de deficiência visual ou cegueira. Aproximadamente 1 bilhão desses casos poderiam ter sido evitados com prevenção ou tratamento adequado.
Entre as principais ameaças à visão estão as doenças que afetam a retina, especialmente comuns em populações mais velhas ou com fatores de risco. Condições como a Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) e a retinopatia diabética têm se tornado cada vez mais prevalentes com o aumento da expectativa de vida e o crescimento dos índices de diabetes no mundo.
“As doenças da retina, como a DMRI e a retinopatia diabética, são hoje algumas das principais causas de perda visual evitável. O diagnóstico precoce é fundamental, especialmente em pacientes acima dos 50 anos ou com histórico de diabetes. Com acompanhamento adequado, é possível controlar a progressão e preservar a qualidade de vida”, afirma o médico oftalmologista João Guilherme de Moraes, especialista em retina e vítreo.
Apesar da gravidade das doenças retinianas, o desconhecimento da população ainda é um obstáculo importante. Um levantamento do Instituto de Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) revela que a maioria dos latino-americanos não está familiarizada com enfermidades oculares comuns. Cerca de 66% nunca ouviram falar da DMRI, enquanto 76% desconhecem a retinopatia diabética.
Os dados do Ipec também mostram que 65% dos pacientes diagnosticados com doenças da retina interrompem o tratamento assim que percebem alguma melhora. “Esse comportamento é um dos grandes desafios no controle das doenças oculares”, alerta João Guilherme. “Interromper o tratamento por conta própria, especialmente em terapias como as aplicações intraoculares, pode comprometer os resultados e levar a complicações mais graves”.
Quem deve ficar mais atento
Pessoas com diabetes, hipertensão, idade acima dos 60 anos ou histórico familiar de problemas oculares fazem parte do grupo de risco e devem realizar consultas oftalmológicas regulares. Mesmo quem não apresenta sintomas pode ter alterações na retina que só são detectadas por meio de exames específicos.
“O acompanhamento preventivo é uma das formas mais eficazes de proteger a visão. Muitas doenças são silenciosas e só causam sintomas quando já estão em estágio avançado”, reforça o médico.
Sobre João Guilherme de Moraes
Dr. João Guilherme de Moraes é médico oftalmologista especializado em doenças da retina e vítreo, com ampla experiência em cirurgias avançadas e tratamentos como a aplicação de medicamentos intravítreos. Formado pela PUC-PR, com fellowship em Retina e Vítreo pelo Instituto da Visão (UFMG), já atuou em importantes hospitais de Curitiba e atualmente coordena o setor de Retina e Vítreo da Oftalmoclínica Curitiba.
É preceptor da residência médica em oftalmologia da PUC-PR, do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie e do Hospital da Visão, onde também atua como preceptor do serviço de fellowship em Retina e Vítreo.
Membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) e da Euretina (European Society of Retina Specialists), é o atual vice-presidente regional sul da SBRV. Além de sua prática clínica, tem forte atuação acadêmica, sendo palestrante internacional em múltiplos congressos e ex-diretor da Associação Paranaense de Oftalmologia.