Vitória (ES) – A situação de uma comunidade quilombola em Conceição da Barra voltou a preocupar parlamentares estaduais durante a sessão ordinária desta segunda-feira (15). O tema foi levantado pela deputada Iriny Lopes (PT), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Ales), que pediu mais tempo para diálogo diante da reintegração de posse vencida na Justiça pela empresa Suzano, produtora de celulose.
“Há um litígio há bastante tempo entre a Suzano e parte desses quilombos. A Justiça estadual determinou um despejo para amanhã. O plano de remoção apresentado está muito aquém daquilo que é necessário para que um ser humano viva com dignidade”, criticou a parlamentar.
O presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (PSB), afirmou que a Casa acompanha o caso e que já houve diálogo com o governador Renato Casagrande (PSB). Segundo ele, a decisão judicial limita a atuação política, mas há espaço para mediação. “No caso deles, é uma comunidade estabelecida há 30 anos. Conversei com o governador, e agora cabe à empresa decidir se abre espaço para mais diálogo”, declarou.
Outros parlamentares também se manifestaram. Camila Valadão (Psol) classificou a reintegração como arbitrária; Marcos Madureira (PP) disse que a comunidade vive uma “desgraça social”; e Janete de Sá (PSB) lembrou que as próprias terras já foram alvo de contestação. Raquel Lessa (PP) pediu mais sensibilidade diante da presença de famílias com plantações e crianças.
Já Alcântaro Filho (Republicanos) defendeu a necessidade de segurança jurídica, afirmando que invasões prejudicam tanto empresas quanto agricultores familiares.
A reintegração está prevista para esta terça-feira (16), em Itaúnas, distrito de Conceição da Barra, onde vivem cerca de 400 pessoas.
Além disso, durante a mesma sessão, parlamentares de direita manifestaram pesar pelo assassinato do ativista conservador norte-americano Charlie Kirk e repudiaram ameaças ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Para o deputado Delegado Danilo Bahiense (PL), os casos mostram que “a internet não é terra sem lei” e precisam de punição exemplar.