O governador do Estado, Renato Casagrande, participou, na manhã desta sexta-feira (16), de um encontro com diretores executivos da ONG SOS Mata Atlântica e do Grupo Águia Branca para apresentação do modelo de gestão do Programa Reflorestar. A agenda ocorreu na Reserva Ambiental Águia Branca, em Vargem Alta. Referência nacional de restauração florestal de larga escala, o programa foi apresentado ao grupo de ambientalistas e empresários convidados que vieram ao Estado para conhecer os resultados do programa no aumento da cobertura florestal no Espírito Santo.
Também participaram do encontro, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fabricio Machado, e os diretores-presidentes do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Alaimar Fiuza e Fábio Ahnert, respectivamente.
“Estamos em sintonia com projetos que estão no conceito da sustentabilidade. Estamos construindo um centro de monitoramento de eventos climáticos, além de investir em energia solar em todos as novas edificações do Governo do Estado. Os estados precisam investir mais em preservação ambiental. O País segue um caminho inverso e os estados precisam liderar esse processo de conservação do meio ambiente”, disse o governador Casagrande.
O coordenador do programa e palestrante do evento, Marcos Sossai, explicou como o Reflorestar tem ajudado os produtores rurais capixabas a entenderem que unir conservação e geração de renda pode ser uma fórmula de sucesso. Dentre as modalidades de restauração florestal apoiadas pelo programa, Sossai destacou os sistemas agroflorestais, que em 2019 representaram cerca de 60% das áreas que iniciaram a restauração com apoio do Reflorestar. Ele citou ainda o apoio fornecido na restauração da floresta nativa, seja por meio do plantio de mudas, seja pela condução da regeneração natural.
Nesses dois últimos casos, além do apoio para a restauração, o produtor rural pode receber ainda pelos serviços ambientais (PSA) prestados pelas florestas em recuperação. Outro ponto enfatizado pelo coordenador do programa foi o monitoramento realizado anualmente nas áreas em recuperação, visando garantir o sucesso dos plantios florestais – que já acontecem hoje em cerca de quatro mil propriedades do Espírito Santo.
De acordo com Sossai, o Estado tem tudo para se tornar referência nacional em negócios florestais sustentáveis em um futuro próximo devido ao Reflorestar e outras ações estruturantes desenvolvidas por órgãos como o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf). “Com o Reflorestar é possível plantar floresta, obter renda, reduzir processos erosivos, aumentar a capacidade de infiltração da água no solo e adequar a propriedade à legislação ambiental. É um modelo de gestão sustentável, eficiente e extremamente responsável com a preservação e conservação de nossas florestas, além de ajudar o produtor rural nesta lógica de cuidar da floresta para obter renda e para mantê-la viva”, acrescentou.
Para a diretora executiva da SOS Mata Atlântica, Márcia Hirota, a aproximação com o Programa Reflorestar, que valoriza e preserva o bioma, é importante para a fundação pela sua relevância como política pública ambiental assertiva. “Novamente o Espírito Santo registrou nível zero de desmatamento, uma conquista que se repete há alguns anos. A gente monitora áreas acima de três hectares e o Espírito Santo possui apenas pequenos registros de desmatamento. Este esforço para ampliar as áreas de mata com o Reflorestar, do nosso ponto de vista é estratégico e por isso apoiamos”, elogiou.
Momento Técnico
No período da tarde do encontro, houve uma roda de conversa entre empresários e ambientalistas convidados com as equipes técnicas das Secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e do Turismo (Setur), além dos técnicos do Iema, da Agerh e do Idaf. A pauta principal foi relacionada aos negócios florestais.
O Programa Estadual de Carbono, cuja parceria entre a Seama e as ONG´s World Resources Institute (WRI-Brasil), a The Nature Conservancy (TNC) e O World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil) para permitir sua elaboração e implementação, foi anunciada no ultimo dia 21 de setembro, no evento de comemoração do dia da árvore, também fez parte das discussões do grupo. Para o secretário Fabrício Machado, o Espírito Santo pode ser o pioneiro neste mercado e ser uma referência para o resto do país se implementar um programa estadual de carbono baseado no mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL).
“Com o Programa Reflorestar, estimulamos os produtores rurais a restaurar a cobertura florestal, gerando um ativo que está diretamente ligado a este novo mercado de carbono. Se temos mais florestas em recuperação e temos um mercado externo que visa negociar os créditos de carbono gerados a partir da restauração florestal, então há nesta relação uma oportunidade de negócio em potencial”, pontuou Machado.
O diretor-presidente do Iema, Alaimar Fiuza, destacou a importância da conexão com pessoas e instituições que são referência de sustentabilidade no País. “Esse é um momento ímpar, com a oportunidade de ouvir sobre uma visão ampla sobre o tema sustentabilidade, especialmente na relação do conceito de unidades de conservação e parques e de como isso pode agregar valor para a região onde estão localizados. Serviu ainda para provocar a reflexão sobre como podemos tratar os ativos naturais e de como o poder público pode atuar para estruturar não só as unidades de conservação, mas também criar um plano de desenvolvimento para toda a região”, disse.
O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, lembrou a importância do reflorestamento na revitalização de Bacias Hidrográficas e na prevenção de eventos extremos, como secas e inundações. “No Estado, o Reflorestar tem conexão direta com os planos de Bacias, que apontam demandas de reflorestamento em áreas degradadas. O Programa já mostrou resultados no aumento da produção de água com recuperação em margens dos rios e áreas de recarga dos aquíferos, que é exatamente o nosso objetivo.” Com Governo ES.
Números do Reflorestar
- Desde o início de sua operação em 2013, já foram contratados mais de R$ 70 milhões e executados mais de R$ 54 milhões;
- Quase 4.000 propriedades em atendimento;
- Mais de 10 mil hectares de restauração florestal;
- Mais de 10 mil hectares de Florestas em pé reconhecidas com PSA;
- Atualmente mais de 285 mil hectares de florestas, em regeneração natural, sendo monitoradas por imagens de satélite.