Jovem, bonita e carismática, Andressa Urach voltou a dominar as manchetes recentemente após um vídeo de sua apresentação com dançarinos da MC Pipokinha se tornar viral. No entanto, por trás das câmeras e das performances cativantes, surgem questões profundas sobre sua relação com a fé cristã e sua busca por identidade espiritual.
Em meio à controvérsias, Andressa Urach recentemente expressou sua confiança em Deus e sua crença no perdão divino, afirmando que não teme o inferno, apesar das escolhas que fez. Ela destaca a importância de pedir perdão por seus pecados diariamente e enfatiza sua convicção na salvação pela graça de Deus.
Porém, Danielle Figueireddo, auxiliar de pesquisa em estudos relacionados à religião, que ensina casais a viver com base nos princípios bíblicos, levanta preocupações sobre a genuinidade da conversão de Urach. Segundo Figueireddo, Urach revelou vícios em dinheiro, sexo e prostituição em seus relatos, o que pode sugerir um conflito entre suas ações e sua profissão de fé.
Segundo Danielle, embasada por sua equipe multidisciplinar, possivelmente Andressa sofre de transtornos psicológicos como narcisismo e borderline, que geram sintomas como comportamento descontrolado, maior tendência a vícios, dificuldade em controle emoções, insegurança e comportamentos impulsivos. Essa avaliação sugere que sua busca pela conversão pode ter sido motivada por uma busca por atenção midiática, mas quando não obteve o resultado esperado no cristianismo, voltou aos conteúdos adultos.
“Meu propósito é unicamente chamar a atenção para a Andressa declarada cristã. Assim como ela, é cada vez mais comum ver pessoas vivendo num estado de ‘santa ignorância’ provocado especialmente pela religiosidade”, acrescenta.
A crítica de Figueireddo à igreja é ácida. Para ela, a igreja tem cometido um grave erro, ao se apropriar do ministério exclusivo de Jesus. O da salvação . “Pastores gastando tempo falando de quem está ou será salvo, enquanto negligenciam o ministério dado à igreja, o da reconciliação”, destaca.
Figueireddo destaca a necessidade de tornar as lições práticas da fé mais acessíveis, em vez de se concentrar apenas na retórica emocional, “O principal e único papel da igreja é se posicionar como bússolas para o mundo, ensinando quais são as coordenadas corretas que nos conduzirão de volta ao paraíso. Algumas poucas igrejas até ensinam, mas ainda sim, acredito que o nosso papel é tornar as aulas sobre reconciliação cada vez mais didáticas, práticas e de fácil entendimento”, acrescenta.
Para a especialista, muitas vezes, essas orientações estão embutidas em uma pregação extensa e acabam passando despercebidas pelos ouvidos, e o que mais vemos são pessoas saindo das igrejas mais impactadas emocionalmente pela qualidade da oratória do que animadas com as tarefas práticas sugeridas no “dever de casa.”
E é por isso, segundo ela, sem o claro entendimento de que existe uma necessidade de se colocar a aula em prática, que vemos cada vez mais “cristãos Urachs” por aí, “Assim com a Andressa, muitos estão acreditando que a obra da salvação realizada por Jesus nos dá direito a um bilhete de teletransporte para o reino, sem qualquer mudança genuína de nossa parte, acrescenta.
Andressa, inclusive, ainda não encontrou seu lugar na fé, passando por diversas igrejas, terreiros e casas de matriz africana, mas não seguindo à risca nenhuma das crenças. Danielle finaliza que ela pode sim acreditar em Deus, mas isso não significa automaticamente que todos que creem na religião são de fato cristãos. Pois a religião tem seus dogmas, e quem deseja fazer parte deve segui-los.
A história de Andressa Urach é complexa, envolvendo fama, fé, escolhas pessoais e análises profundas. Ela serve como um lembrete do desafio que muitos enfrentam ao equilibrar suas identidades espirituais com as pressões da sociedade e da mídia.