O dispositivo intrauterino (DIU) é um dos métodos contraceptivos mais seguros para as mulheres e pode ser colocado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aqui no Brasil. Apesar de seus vários benefícios, como a eficácia e menores riscos de efeitos colaterais, o método é usado por apenas 3% da população feminina do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Um dos principais motivos é a falta de informação a respeito do método, que inclusive chegou a virar pauta na roda de conversas de várias famosas, como Hana Khalil, Marília Mendonça, Jade Seba e Sabrina Sato.
“Minha experiência com o DIU está sendo ótima, realmente não esperava. Estou bem satisfeita com os resultados. Senti um pouco de cólica nos primeiros meses, mas nada comparado às dores que sentia antes de colocá-lo. É bom lembrar que nenhum método é 100% eficaz, mas o DIU está auxiliando no meu objetivo de controlar a gravidez e tratar a minha endometriose”, revela a influenciadora e colunista da Quem, Hana Khalil.
Para o ginecologista e obstetra César Patez, não é mera coincidência o controle de endometriose após o uso do DIU. “O método favoreceu a paciente com o controle do fluxo sanguíneo, diminuindo as dores e controlando a doença. O dispositivo pode diminuir bastante o fluxo ou mesmo interrompê-lo, sendo este um dos principais princípios para disseminação da endometriose.”
Já no caso da influenciadora Jade Seba, sua experiência com o método contraceptivo foi bem desconfortável e fora do comum: “Coloquei o DIU e comecei a sentir cólicas 20 dias depois. Achei que pudesse ser em decorrência da primeira ovulação. Após quatro dias, descobri que estava com uma bactéria que entrou na corrente sanguínea, desenvolvendo um caso de sepse e peritonite. O meu caso é bem raro. Acredita-se que tudo foi resultado de uma má adaptação do organismo ao DIU, mas não há nenhuma comprovação”, diz ela.
“Em relação às dores após o uso do DIU, pode sim ocorrer em algumas mulheres, mas geralmente são bem toleradas pelos pacientes. Os casos de processos infecciosos são raros, mas também existem, como em pacientes que já possuem casos de endometrite, que seria um processo infeccioso do interior do útero. Em algumas pacientes, ocorre uma perfuração do útero ao colocar o dispositivo, o que poderia explicar o caso da Jade”, explica o ginecologista.
A cantora Marília Mendonça, por sua vez, usou as redes para relatar sobre seu problema com a acne, que surgiu desde que começou a utilizar o DIU hormonal.
“Seca uma e nascem oito. Não paro de ter espinha. Eu uso DIU por motivos de fluxo, e [a acne] não para, mesmo fazendo tudo certinho. Ah, e cuidando da alimentação também e bebendo muita água”, comenta a sertaneja. Segundo o especialista, esse efeito colateral ocorre em menos de 10% dos pacientes, devido à ação da progesterona que o DIU libera, aumentando a oleosidade da pele.
Já fazia quase dois meses que Sabrina Sato havia tirado o DIU Mirena (tecnicamente chamado de SIU, Sistema Intrauterino, por ser um método anticoncepcional hormonal diferente do DIU de cobre, que é um Dispositivo Intrauterino de barreira e sem hormônios) para tentar engravidar, mas a revelação de que está esperando um bebê foi uma surpresa para ela e o noivo, Duda Nagle.
A apresentadora achava que estava menstruando sem interrupção desde a retirada do contraceptivo. “O sangramento pós-retirada pode sim acontecer, por conta da supressão hormonal. A possibilidade de gravidez também é real, pois ele costuma não inibir a ovulação e a fertilidade pode retornar muito rápido”, analisa César.
Para desvendar informações sobre o DIU e desmistificar o assunto, o ginecologista e obstetra César Patez comenta os 10 mitos e verdades mais comuns quando o assunto é o dispositivo intrauterino. Acompanhe!
É possível engravidar com o DIU: VERDADE
Nenhum método contraceptivo disponível atualmente apresenta 100% de eficácia. Portanto, é possível engravidar com o DIU e com qualquer outro dispositivo. A diferença é que o DIU tem uma das taxas mais altas de eficácia. “As chances de engravidar são muito pequenas, podendo variar de 0,2 a 0,7 %. Mas sim, elas existem”, explica o médico.
DIU aumenta o risco de infecção na mulher: DEPENDE
César Patez afirma que esse risco é real, mas geralmente diminui bastante após o primeiro mês de colocação do DIU. “É um quadro que pode ser tratado com antibióticos. E o DIU pode ser deixado no lugar, a menos que a infecção persista após o tratamento.”
DIU atrapalha a amamentação: MITO
Segundo o especialista, isso não passa de um mito. “Não atrapalha e nem possui nenhuma contraindicação. O DIU poderá ser colocado assim que o útero retornar ao tamanho e forma originais”, aponta.
Mulheres que nunca tiveram filhos podem usar: VERDADE
Não há nenhum impeditivo de colocação do DIU para mulheres sem filhos. “Desde que ela já tenha tido relação sexual, é possível colocar. É importante ressaltar que, antes da colocação, deve ser realizada uma ultrassonografia endovaginal para avaliarmos o tamanho e posição do útero. Assim, o profissional de saúde irá escolher o DIU mais adequado.”
O DIU é um método abortivo: MITO
Outro mito frequente que envolve o método contraceptivo. “O DIU impede uma gravidez ao impossibilitar a junção do óvulo com o espermatozoide. Por causa disso, o dispositivo age muito antes da fecundação, de forma que não há como ele provocar um aborto”, afirma o ginecologista e obstetra.
DIU atrapalha a relação sexual: MITO
“O DIU tem um fio muito fino que é usado para sua retirada quando for o momento necessário, mas ele não atrapalha a relação sexual nem causa prejuízos ao prazer da mulher”, enfatiza.
DIU tem contraindicação: VERDADE
Pacientes com infecção ginecológica ativa, anormalidades anatômicas do útero e câncer nessa mesma região não devem utilizar o DIU. “Se há gravidez presente ou suspeita, também não é recomendado, pois há elevado risco de aborto”, acrescenta.
A implantação do DIU é muito dolorida: MITO
Pelo contrário, a implantação do método é uma das que provocam menos dor e desconforto para a mulher. “Isso porque o procedimento pode ser realizado com anestesia local, o que minimiza qualquer possível dor. No dia seguinte, algumas cólicas podem surgir, mas não é regra. A maioria das mulheres não sente nenhum incômodo”, garante Patez.
O DIU pode alterar o fluxo menstrual: DEPENDE
Inicialmente, nos primeiros ciclos após a colocação do DIU, é possível que as cólicas e o fluxo aumentem, mas a tendência é que diminuam com o tempo. “Isso quando estamos falando do DIU de cobre. Já o DIU hormonal pode tornar o fluxo mais leve e diminuir as cólicas em alguns casos”, pontua.
O DIU pode prejudicar a fertilidade da mulher: MITO
Não passa de mito, de acordo com Patez. “Quem faz o uso do dispositivo e decide engravidar, precisa apenas procurar seu ginecologista para retirar o dispositivo. É um procedimento simples. Pouco tempo depois, a fertilidade é restabelecida no organismo e a mulher pode engravidar novamente”, completa.