No último sábado, um técnico de radiologia, de 53 anos, passou por um momento complicado durante um serviço que realizava em casa e que poderia ter deixado uma sequela irreversível.
Morador do município de Cariacica, ele estava utilizando uma serra circular para cortar madeira quando, por volta das 9 horas, teve o dedo polegar da mão esquerda decepado pelo equipamento. Ele recolheu a parte do dedo que foi cortado e imediatamente se deslocou para o Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria, em Vila Velha, onde passou por uma cirurgia para reimplantar o dedo. A cirurgia foi a primeira de reimplante de dedo com sucesso realizada no hospital.
O médico e responsável técnico pela unidade hospitalar, Guilherme de Freitas Lima, explicou que esse tipo de acidente é muito comum, no entanto, não é uma cirurgia simples e nem sempre é possível realizar o reimplante.
“É preciso realizar uma microanastomose (sutura), para unir as veias, as artérias e os nervos que são muito finos. Para isso é necessário o uso de um microscópio, já que o fio utilizado para essa sutura é extremamente fino e o procedimento muito delicado. Apesar de ser um acidente comum, a realização do procedimento é muito rara já que são poucos os cirurgiões especialistas em microcirurgia”, explicou.
A cirurgia teve início no sábado (01) por volta do meio dia e durou cerca de seis horas. Na manhã desta segunda-feira (03), após 48 horas de observação, a evolução do reimplante está normal, não foi registrado trombose, e a previsão é que o técnico de radiologia tenha alta até o final da semana.
A equipe que realizou o procedimento foi composta por dois microcirurgiões e um instrumentador cirúrgico do próprio do hospital.
Referência em reimplante de membros
Esse foi o primeiro reimplante de membro realizado no Hospital Estadual Antonio Bezerra de Faria, em Vila Velha, que é referência em cirurgia de mão no Espírito Santo. A realização desse tipo de procedimento, segundo o médico e responsável técnico pela unidade hospitalar, Guilherme de Freitas Lima, era um sonho antigo da direção do hospital, que já se prepara há meses para ser referência no processo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para se preparar, a direção do Hospital já encaminhou o microscópio da unidade está passando por reparos técnicos para ser ajustado e, enquanto isso, utiliza um equipamento que foi emprestado pelo Hospital Estadual Dório Silva, na Serra, que também pode ser utilizado para ligação plexo braquial (junção de tecidos nervosos) e para transplante de tecidos como pele e ossos.
“É um projeto antigo que está se iniciando. Essa cirurgia de sábado foi o pontapé inicial para realização desse projeto. Agora o hospital passa a ser referência para esse tipo de atendimento, já que conta com equipamentos específicos e equipe médica especializada. Reimplante de membros não é uma cirurgia simples, mas queremos fazer todos os tipos de reimplantes em mão que forem possíveis. Vale ressaltar que nossa equipe também pode trabalhar na reconstrução de membros utilizando retalhos de pele e gordura de outras partes do corpo”, destacou.
Acidentes
Em caso de acidentes, o ideal é que a pessoa coloque a parte amputada em uma sacola plástica seca e feche bem fechado. Esta sacola deve ser colocada dentro de outra sacola contendo água filtrada e gelo para que a parte amputada fique resfriada, sem congelar, e não seja contaminada com água suja.
Após o acidente, o paciente pode procurar imediatamente o hospital – se possível o Antonio Bezerra – para que tenha o atendimento ideal para a situação.