As limitações impostas por medidas sanitárias em função da pandemia, como o isolamento social, acendem o alerta para o agravamento das doenças mentais, aumentando o risco de suicídios. A psiquiatra Telma Freitas Pimenta manifestou essa preocupação durante reunião virtual da Comissão de Saúde, nesta terça-feira (22), sobre a Campanha Setembro Amarelo, de prevenção de suicídios. O debate teve a participação também do presidente da mantenedora do Centro de Valorização da Vida (CVV/Vitória), Carlos José Lima Faroni.
Segundo Telma Pimenta, o momento atual agrava os fatores de risco e aponta para uma previsão de maior incidência de doenças psiquiátricas e transtornos mentais.
“Oitenta por cento das pessoas que procuram atendimento médico por conta de distúrbios mentais cometem o suicídio meses depois, pois não dão continuidade ao tratamento”, destacou a psiquiatra, acrescentando que as doenças mentais são tratáveis e que o tratamento continuado possibilita evitar o desfecho fatal.
“Precisamos de uma rede de proteção e gerenciamento dos riscos de uma doença mental evoluir para o suicídio, com o envolvimento da família da pessoa acometida por algum transtorno psiquiátrico e do comprometimento do sistema de saúde, que deve estender o atendimento para unidades de saúde, ambulatórios, além de hospitais”, defendeu Telma Pimenta.
De acordo com a psiquiatra, no Brasil são registradas 12 mil mortes por suicídio por ano, sendo que mais mulheres fazem a tentativa, mas os homens conseguem chegar a termo em maior número, pois usam meios mais letais.
Para Telma Pimenta, o Setembro Amarelo, campanha mundial iniciada no Brasil, em 2015, é uma iniciativa muito importante e que possibilita dar mais visibilidade e orientar maior número possível de pessoas sobre a importância de se falar sobre o suicídio. A campanha é uma ação do CVV em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Tabu
Para o presidente do CVV/Vitória, Carlos José Faroni, o suicídio ainda é um tabu e afeta muitas pessoas. Segundo Faroni, 17% dos brasileiros pensam em cometer suicídio e dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 9 em cada 10 suicídios podem ser evitados.
“O suicídio é uma violência, e só com conhecimento e informação que conseguimos melhor traçar caminhos para a prevenção em todos os aspectos”, salientou.
O CVV é uma instituição que existe desde 1962 no Brasil, fornecendo apoio emocional por meio de ligações telefônicas. O serviço gratuito funciona 24 horas por dia, por meio do número 188, disponibilizado pelo Ministério da Saúde.
São 120 postos em todo o Brasil, com cerca de 4 mil voluntários, que precisam ter mais de 18 anos e são previamente treinados a ter uma postura de compreensão, empatia e respeito de forma a transmitir confiança a quem aciona o serviço.
Ainda segundo o presidente da CVV, o Espírito Santo conta com 55 voluntários, que realizam cerca de 1.800 atendimentos por mês, com uma média de 60 contatos diários.
Comissão de Saúde
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Doutor Hércules (MDB), lembrou que o colegiado tem a preocupação de colocar sempre em pauta o assunto que é de relevância no sentido de cuidar da população e salvar vidas.
Também presente na reunião, o deputado Dr. Emilio Mameri (PSDB) falou da importância do trabalho das instituições e da comissão para debater o tema e incentivar ações de combate, seja no tratamento médico de doenças que podem levar ao suicídio, seja na parte social, com o apoio da sociedade.
O colegiado também deliberou a visita dos professores Neyval Costa Reis Júnior e José Geraldo Mill, da Universidade Federal do Espírito Santo, na reunião ordinária virtual do dia 6 de outubro. O tema será “Qualidade do ar e Sintomas de Asma em crianças e adolescentes, Projeto AsmaVix”. Com ALes.