Foi realizada com sucesso, nessa quarta-feira (20), a captação e o transplante de múltiplos órgãos doados pela família de um jovem de 22 anos, atendido em um hospital da Rede Estadual na Grande Vitória, e que teve a morte encefálica confirmada nesta terça-feira (19). Apesar da dor da perda, a família tomou uma decisão que beneficiou sete pessoas com transplante de pulmão (bilateral), coração, fígado, dois rins, pâncreas e córneas. O nome do hospital e as causas da morte não foram divulgadas para preservar a família do doador.
A coordenadora da Central de Transplantes do Espírito Santo, Maria Machado, explicou que a definição de quem receberia os órgãos doados foi feita por meio de um sistema on-line do Ministério da Saúde, obedecendo a critérios rígidos estabelecidos pela legislação federal. No caso da captação e doação realizadas nesta quarta-feira, foram beneficiados pacientes de São Paulo (pâncreas e pulmão), e outros que aguardavam pelos demais órgãos na Grande Vitória.
De acordo com Maria Machado, esta foi a primeira captação de pulmões de adulto realizada na região metropolitana este ano. A equipe de captação de São Paulo veio de táxi aéreo e desembarcou no aeroporto de Vitória, pela manhã, e foi encaminhada pela equipe da Central de Transplantes até o hospital onde ocorreu a captação.
Lista de espera no Espírito Santo
Em todo Estado, até esta quarta-feira (20), quatro pessoas aguardam por uma doação de coração, 40 esperam por um fígado, 173 por córneas e 923 pessoas aguardam por um transplante de rins.
A coordenadora da Central de Transplantes explicou que a captação dos órgãos acontece somente após constatação de morte encefálica, ou seja, quando há completa e irreversível parada de todas as funções do cérebro. Esse diagnóstico é realizado por uma equipe profissional por meio de exames de imagem, exames clínicos e exames laboratoriais. Após a confirmação da morte encefálica, a família é comunicada sobre a situação irreversível e decide sobre a doação dos órgãos de seu ente.
“Quando temos o diagnóstico de uma morte encefálica, uma equipe do hospital acolhe essa família e dá a ela a possibilidade de fazer a doação dos órgãos do seu ente querido”, disse a coordenadora.
Esse momento de abordagem, segundo Maria Machado, é muito delicado devido ao sofrimento dos familiares no momento da perda. Ela destacou que quando a pessoa informa a família sobre o desejo de doar seus órgãos, a decisão é menos dolorida para os familiares. “Por isso é importante que as pessoas conversem em casa sobre seu desejo e, mesmo em um momento de dor, a família opta pela doação. Uma vida pode salvar até sete outras vidas”, destacou.