Ibatiba (ES) – Quantas vezes, só nesta semana, você teve a sensação de que o dia precisaria ter mais horas? Vivemos correndo — não para um destino, mas como se estivéssemos constantemente atrasados para algo que nem sabemos o que é. Acordamos com pressa, comemos com pressa, falamos apressadamente, e até descansamos com culpa. A velocidade virou sinônimo de eficiência. E viver devagar virou quase um pecado.
Mas será que estamos mesmo vivendo… ou apenas cumprindo tarefas?
A vida moderna nos convenceu de que produtividade é o maior valor que podemos ter. “Tempo é dinheiro”, dizem. Mas, na ânsia de fazer render cada segundo, estamos empobrecendo de alma. Perceba como os momentos mais ricos são os que pedem presença: uma conversa sincera, um café sem pressa, um pôr do sol assistido de verdade. E, curiosamente, todos esses momentos exigem aquilo que mais evitamos: desacelerar.
O preço da correria nem sempre é visível de imediato. Ele se manifesta em noites mal dormidas, na ansiedade que não entendemos de onde vem, na dificuldade de nos conectar com o outro — e, principalmente, conosco mesmos. É a sensação de viver com tudo e ainda assim sentir que falta alguma coisa. O nome disso pode ser ausência de tempo qualitativo.
Desacelerar não é parar. É escolher estar presente. É decidir viver com intenção, e não no piloto automático. Talvez seja caminhar ao invés de correr. Ou ouvir alguém sem olhar o celular. Talvez seja perceber o sabor do café, o cheiro da chuva, o toque do vento. Coisas simples. Coisas que custam pouco, mas que valem muito.
Há um movimento silencioso acontecendo no mundo: o de pessoas que estão redescobrindo o valor do tempo bem vivido. Pessoas que entenderam que a pressa rouba sentido. Que mais importante do que chegar rápido é aproveitar o caminho.
Talvez o que falte na sua vida não seja mais tempo, mas coragem para usá-lo melhor.
Porque no fim das contas, quem vive com pressa pode até chegar primeiro… mas perde a melhor parte do percurso.