Vivendo em meio a tecnologia, estamos tendo a oportunidade de observar as principais diferenças entre as crianças atuais, que nasceram no mundo virtual e a geração passada, que o viu se desenvolver. Nesse contexto, já se pode notar que existem mudanças de comportamento nas crianças de hoje em dia, que com pouca idade, já mexem com maestria em aparelhos eletrônicos, por exemplo.
Porém, a internet não é totalmente composta por benefícios, visto que, seu uso em excesso, como acontece atualmente, pode acabar trazendo prejuízos cognitivos. A internet tem diversos pontos favoráveis, como ter mais acesso ao conhecimento, conveniência, eliminar fronteiras, inicio de interação, chamo de inclusão social primária, já que temos que interagir de forma física também. Mas, esses pontos favoráveis, como o conhecimento, por exemplo, não são exercidos. Na realidade, a sua dinâmica revela uma fadiga. Não apenas pelas consequências emocionais, como também pela economia de energia em pensar que a informação está sempre disponível, que pode buscá-la a qualquer momento, o que não ocorre já que a tomada de decisões está afetada.
O organismo precisa de milhares de anos para uma adaptação, pois existem algumas necessidades que estão em nosso código genético em relação a este processo, entre elas a interação presencial, incluindo física e real. Uma mudança repentina, abrupta como a da tecnologia, nos causa danos já que nosso cérebro não é deste período e sim de um período que vem desde o paleolítico. Toda essa “nova rotina” tecnológica exige uma mudança no funcionamento dos nossos neurotransmissores, que são os mensageiros químicos que controlam uma ampla variedade de funções psicológicas e físicas.
Mesmo assim, as habilidades tecnológicas das crianças contemporâneas continuam chamando atenção. Mas, antes de avaliá-las de maneira geral, é necessário compreender o que é inteligência. O lobo frontal termina sua formação até os 24 anos de idade podendo chegar aos 30 a depender do indivíduo. Ou seja, os determinantes sobre esta região, não estão totalmente desenvolvidos assim como a cognição já que esta depende da experiência para sua evolução na mente, no cérebro.
Este motivo por si só, já limita a ideia de que as crianças estariam mais inteligentes atualmente. Há um domínio tecnológico, com resposta dinâmica, mas rasa. É como se, ao buscar uma equação completa, só apresentasse a fórmula, mas sem o desenvolvimento e conclusão. Há uma dificuldade na criação, na memória permanente, trazendo memórias quase que apagadas do que poderia ser útil. A curiosidade se limita a um instantâneo imaginário, numa fantasia sem embasamento histórico e sem maturidade. O foco atencional torna-se prejudicado e a tomada de decisões se limita ao panorama e sua dificuldade. Digo que não estão mais inteligentes, estão mais espertos, com argumentos limitados, assim como o conhecimento, vinculado a uma fácil desistência pela fadiga resultante das disfunções causadas pelos vícios da rede social e jogos em excesso.